O Som da Cuíca
Hoje acordei com o coração incendiado. Um fogo que aquece mas ao mesmo tempo está me consumindo. Doce porém amargo. Uma saudade de passar horas falando com Deus. Eu conheço a voz dEle, eu sei como é sua presença quando nós dois sentamos pra bater um papo juntos. Entretanto, minha condição humana não consegue aceitar essa plenitude. Parece até que me desvio porque sei que não mereço coisas boas, e se algo tiver que ser bom na minha vida, eu mesmo terei que fazer que seja. E hoje ao ouvir o batuque do samba e o assovio da cuíca, enquanto tomava aquele banho, com B maiúsculo, eu ainda consigo imaginar que Deus me ama além das minhas falhas. Como um Deus que fez a cuíca, os simples prazeres de um macarrãozinho delicioso que almoçei hoje, poderá ter o coração rancoroso como os nossos? Pois Ele não tem. Não tem como ser o criador de tantas coisas boas, belas e tão cheias de amor, e ter o coração amargo. É como quem faz o jiló. Minha tia Deicy falava, quem faz o jiló e ele fica amargo, também tem o coração amargo. Mas quem faz o jiló e ele fica doce, pode acreditar que seu coração tambem é doce. E com toda falha minha, com todo pecado que há em mim, de uma coisa eu sei, e é que o jiló que vem de Deus sempre é doce e sempre será.